Os olhos crescem verticais como se em lugar nenhum sopesassem a voragem da luz, o silêncio.
Esconde-te. Há quanto tempo não desperdiças a paisagem, pergunto. Há quanto tempo não olhas para trás.
No declive da tua sombra os olhos crescem. Pelo inverno em pousio o rebanho acautela o silêncio sob as trajetórias côncavas dos pássaros.
E tu não ouves.
Há quanto tempo te escondes, pergunto. Há quanto tempo te escondes onde os olhos crescem.
José Rui Teixeira
Jacinta
Fecha os olhos. Eu conto-te como foi: há muita morte num amor assim.
A tua infância segreda o que me resta. Direi as mãos do anjo, o pó que se levanta do incêndio dos teus passos, o halo azul sobre os teus olhos fechados. Não te deixarei cair.
Eu conto-te como foi: há muito amor numa morte assim. Guardarei a tua infância. Do teu coração direi que é sarça ardente.
José Rui Teixeira
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