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Jacinta: o coração feito compaixão

Em Jacinta é central a atitude da compaixão. Nela reconhecemos um coração com profundidade e paixão, completamente dedicado à missão que o Céu lhe confia. São dela as palavras que nos chegaram: “Se eu pudesse meter no coração de toda a gente o lume que tenho cá dentro no peito a queimar-me e a fazer-me gostar tanto do Coração de Jesus e de Maria!” (MIL 130). Desde o início das aparições desenvolve uma profunda devoção ao Imaculado Coração de Maria.  

Com as palavras do Cardeal Joseph Ratzinger compreendemos como o amor a Nossa Senhora configurou a vida da Jacinta: “ter devoção ao Imaculado Coração de Maria é aproximar-se desta atitude do coração, na qual o fiat – seja feita a vossa vontade – se torna o centro conformador de toda a existência”. De facto, a pastorinha Jacinta aprendeu com Maria e na escola do Seu Imaculado Coração a fazer da vontade de Deus o centro conformador da sua existência: aprendeu com Ela a “fazer como Nosso Senhor” (MIL 44).  

Este desejo conformador da sua existência com o Coração de Jesus, levou a Jacinta a desejar segui-lo, percorrendo o mesmo caminho que o Mestre. O Senhor não fugiu à agonia do Getsémani, à solidão e ao abandono da Cruz. E a pequena Jacinta não rejeitou a solidão na doença, a aridez de lhe ter sido negada a comunhão eucarística – o que teria sido a sua última consolação possível no m momento da morte -, não escapou à ferida aberta no peito, assemelhando-se ao coração trespassado de Jesus, que ela amou tão ternamente. E viveu tudo isto, com alegria serena e numa entrega de amor, como testemunham os interrogados no seu processo canónico.  

A pequena Jacinta, que “gostava tanto de pensar” (MIL 61), meditando e guardando tudo em seu coração, como tinha feito a Senhora que agora era a sua “Mestra na escola da santidade (João Paulo II), “e que  a introduz no conhecimento íntimo do Amor Trinitário” (Bento XVI), aprende a ter um coração universal. Durante a sua estadia na prisão, em Ourém, quando Lúcia lhe pede para escolher uma intenção pela qual oferecer os sacrifícios – pelos pobres pecadores, ou pelo Santo Padre, ou em reparação ao Imaculado Coração de Maria – a Jacinta não hesita em responder: “eu ofereço por todas, porque gosto muito de todas” (MIL 53).  

Desenvolveu um profundo sentimento de compaixão por todas as formas de sofrimento humano que foi percebendo, na intensa luz de Deus e através do Imaculado Coração de Maria. Foi insaciável nesta sede de rezar e de oferecer sacrifícios pelos pecadores. Ardia-lhe a alma neste “zelo” pela salvação da humanidade que sentia como sua. Escutar Jacinta, nas suas inúmeras expressões de compaixão por todo o tipo de sofrimento e de miséria, faz nascer em nós a gratidão ao Pai, porque escondeu estas verdades aos sábios e inteligentes, e as revelou aos pequeninos (Cf. Mt 11, 25).